quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O NIAPAM E A RIO+20

SUBSÍDIOS DO NIAPAM AO SEMINÁRIO DE ECONOMIA VERDE E INCLUSIVA DA AMAZÔNIA

Dia do Evento: 27.09.2011
Horário: 8,00  às 18,00 horas
Local: Gold Mar Hotel, Rua Prof. Nelson Ribeiro, 132. Telegráfo- Belém

Além de governança internacional e redução da pobreza, a conferência Rio+20 em 2012 terá como tema central a economia verde (ONU, 2011 Synthesis report on best practices and lessons learned on the objective and themes of the conference. Nova York: UN. Disponível em: www.uncsd2012.org/files/intersessional/Synthesis-Report-Final). Esse termo, que surgiu no contexto da Rio-92 (Adams, W. M. 1997. Green development: environment and sustainability in the Third World.Londres: Routledge), foi recentemente elaborado e divulgado mundo afora em relatório do PNUMA (UNEP 2011Towards a green economy: pathways to sustainable development and poverty eradication; a synthesis for policy makers. Nairobi: United Nations Environment Programme). Em pouco tempo, tornou-se praticamente consensual (Belinky, A. 2011. Rumo à Rio 2012: considerações sobre a 1ª reunião intersessional preparatória. São Paulo: Instituto Vitae Civilis). Parece apresentar-se como alternativa ao desenvolvimento sustentável, que havia sido consagrado no Rio de Janeiro em 1992 (Sawyer, Economia Verde e/ou Desenvolvimento Sustentável. Professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília, CDS/UnB, e pesquisador associado ao Instituto Sociedade, População e Natureza, ISPN. Entretanto, se o novo conceito, a Economia Verde, for apropriado, como um artefato, para abandonarmos os compromissos gestados na ECO-92, será absolutamente inútil.
A consulta à Amazônia com vista à identificação de propostas para subsidiar a Conferência da ONU sobre o desenvolvimento sustentável (RIO+20) é uma oportunidade para os amazônidas darem suas contribuições na busca do desenvolvimento socioeconômico com a conservação, proteção dos ecossistemas da Terra, a justiça social, a eficiência econômica e as mudanças climáticas com o necessário desdobramento nos diversos compromissos das Nações, postulada pela Eco-92. Agora, sua nova versão a RIO+20 é orientada para a transição rumo à Economia Verde de baixo carbono e eficiência de uso dos recursos.A economia verde  é apresentada como um catalisador chave para o crescimento e erradicação da pobreza principalmente nas economias em desenvolvimento, o que torna importante a participação da Amazônia nas discussões, já que o caráter da inclusividade tem muito haver com esta Região.
Por isso, a iniciativa dos promotores do Seminário, na base de diálogos regionais, poderá representar um avanço para fortalecer as idéias sobre a sustentabilidade do Planeta a partir das diferenças regionais, como podemos exemplificar com o custo amazônico, onde em conjunto poderemos colocar nossas idéias/propostas aderentes ao que pensa a sociedade amazônica sobre a temática. Devemos considerar a existência de claras analogias políticas entre as questões culturais e ecológicas. Tanto a cultura como o meio ambiente são bens comuns da humanidade. A preocupação ecológica nasce da constatação de um modelo de desenvolvimento econômico excessivamente predador dos recursos naturais e dos bens comuns da humanidade. Rio/92, Aalborg /94 e Joanesburgo/02 constituíram os principais marcos de um processo que tenta dar resposta a um dos desafios mais importantes da humanidade: a sustentabilidade ecológica. A situação atual apresenta evidências suficientes de que a diversidade cultural no mundo se encontra em perigo devido a uma mundialização estandardizadora e excluídora.  A UNESCO afirma: “Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica”. As cidades e os espaços locais são ambientes privilegiados da elaboração cultural em constante evolução e constituem os âmbitos da diversidade criativa, onde a perspectiva do encontro de tudo aquilo que é diferente e distinto (procedências, visões, idades, géneros, etnias e classes sociais) torna possível o desenvolvimento humano integral. O diálogo entre identidade e diversidade, indivíduo e coletividade, revelasse como a ferramenta necessária para garantir tanto uma cidadania cultural planetária, como a sobrevivência da diversidade linguística, desenvolvimento das culturas e do meio ambiente.
Na opinião do professor Marco Antonio Chagas, da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), incorporada ao ppresente texto, “a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a ser realizada de 04 a 06 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro (Rio+20), foi convocada para pactuar um novo desafio: a economia verde ou “green economy”. Para a Rio+20 não se tornar um fracasso, a ONU enfrenta um dilema: como impor o decrescimento aos países ricos e poluidores para permitir uma transição para uma economia verde mais justa e sustentável sem sacrificar os países pobres?” E, ainda mais, “os países ricos terão que assumir o compromisso em estacionar o desenvolvimeno econômico ou mesmo decrescer, caso contrário, o sacrifício pelo desenvolvimento sustentável cairá nas costas dos países pobres sobre o novo discurso da economia verde”.  À semelhança do conceito de ”desenvolvimento sustentado” e da agenda de compromissos, a “Agenda XXI”, a quase imposição do novo conceito, a “econimia verde” servirá para a manutenção da relação colonialista dos países ricos  com os países pobes, detentores dos recursos naturais fundamentais para a manutenção do hiperconsumo dos países ricos.
A Amazônia, no seu contexto natural, histórico e ecológico planetário, detem 1/3 da maior floresta equatorial úmida remanescente, 1/5 da disponibolidade de água potável, é o maior banco fitozoogenético existente, ocupa 2/5 da América do Sul e a metade da área geopolítica do Brasil e mais da metade da soma territorial dos Quinhões Hyléicos dotados aos nove países Pan-Amazônicos, respectivamente, Br, Bo, Pr, Eq, Co, Ve, Gy, Su e GF. Tem sido ocupada pelos ameríndios, migrantes da Àsia, desde mais ou menos 15.000 anos, e pelo Europeu há apenas 500. Durane os últimos 100 anos, mais de 17% da cobertura florestal da Amazônia Brasileira foi dizimada, mantido o ritmo atual praticamente a metada da cobertura florestal poderá desaparecer por volta do ano de 2050.
A Amazônia possui a maior malha hidroviária fluvial do Planeta e o maior estoque potencial do superproduto mercadológico prioritário ao futuro imediato e mediato, ÁGUA DOCE – mercadoria provisional de manutenção da vida de complementaridade industrial e agrícola. A àgua doce é atualmente o produto mais competitivo nos mercados petroleiros extrativistas. Mercados hoje submetidos ao quase limite de exaustão dos estoques naturais de bacias como as do Egito (Nilo), Líbano (Jordão), Iraque (Tigre Eufrates) e extremamente escassa em grande parte do território Africano. No macro mercado petrolífero do Mundo Àrabe o barríl de água dôce equivale a um barril de petróleo. No Brasil a Amazônia Brasileira detem possivelmente o maior depósito de água dôce do mundo, o fenomenal e gigantsco depósito anti-freático, em subsolo raso, o Aquífero Alter do Chão, garantia estratégica imensurável do suprimento da água doce para consumo humano. Neste contexto, as possibilidades da “economia verde” ser apropriada pelos países hiper-consumidores (primeiro mundo/países ricos) para engessar os povos de países pobres (Amazônia Brasileira?) a permanecerem no atrazo, com péssima atenção à saúde, ausência segurança pública e com educação de baixissima qualidade.
Tem-se debatido muito nas últimas décadas sobre a possível “insustentabilidade” ambiental do atual modelo civilizatório de desenvolvimento. Isto se deve aos graves problemas ambientais causados pelos padrões atuais de consumo que transformam os recursos naturais em mercadoria e pelo uso irracional dos recursos naturais em várias regiões do mundo. Alguns ambientalistas acreditam que a solução para a questão ambiental, neste quadro, só se dará com mudanças radicais no paradigma da atual trajetória do modelo capitalista; já outros, somados a maioria dos cientistas, políticos, governantes, etc., tentam buscar em políticas e estratégias ortodoxas, formas de ajustar a capacidade ecossistêmica da natureza a este mesmo modelo. Nenhuma das duas propostas, até agora, encontraram bases teóricas conceituais convincentes. Porém, uma das constatações quase unânimes, tanto por um grupo como pelo outro, é que não há como retroceder a trajetória tecnológica a qual a sociedade moderna está inserida. A interação homem/meio ambiente é baseada na exploração. A história da humanidade evidencia uma progressiva apropriação dos espaços físicos da superfície terrestre na busca do homem por “novos” limites. Esta apropriação de espaços se deu não só pelo aumento populacional, que para os malthusianos até poderia ser considerado matematicamente natural, mas, especialmente, pela necessidade que o homem teve de explorar e dominar “todos” os espaços a sua volta.
Esta trajetória se dá num modelo civilizatório em que o mercado exige, cada vez com mais intensidade, produtos e atrativos raros. Em nome desse mercado, o homem do ocidente continua explorando os recursos de “todos” os lugares onde consegue chegar com sua ciência, técnica e máquinas. Nisto o meio ambiente continua sendo um atrativo mercantil e sua preservação problema e responsabilidade dos que virão. Dentre os sinais de degradação ambiental mais marcante, desta época, destacam-se: o desmatamento, desflorestamento, supressão vegetal, a exaustão e contaminação química, a contaminação e o rebaixamento dos níveis potáveis, a contaminação dos oceanos, a poluição atmosférica, a depleção da camada de ozônio, a elevação das temperaturas globais. Fatores que causam a elevação do nível dos mares, transtornos climáticos, diferenciados níveis de poluição ambiental; provocam ainda chuva ácida e eliminam ecossistemas locais, tanto de espécies vegetais como de animais. Enfim, fatores que afetam/destroem a biodiversidade natural de cada “lugar”.
A existência de recursos naturais estratégicos, de redes sociais proativas, de infraestrutura social básica (saúde, educação, comunicação, etc.), do saber organizado, de fluxos internos suficientes de capital e mão de obra, além de processos eficientes de gestão é que podem constituir-se em alavancas do desenvolvimento local, gerando inserções com os contextos externos em condições adequadas aos interesses das coletividades residentes (CABUGUEIRA, 2000). Mas, neste universo potencial, atualmente duas variáveis são enfatizadas: a gestão pública e a participação social, mais ou menos aglutinada naquilo que se costuma definir como esfera pública ampliada. Isto porque é neste espaço político que o poder público e a sociedade podem-se unir, de forma consensual e pactuada, para discutir e conhecer melhor a realidade local e suas imbricações externas, construindo participativamente estratégias de desenvolvimento. Sem ignorar as influências externas, mas priorizando seus interesses, afirmando-se como parte funcionalmente integrada a contextos mais amplos, mas sem tornar-se uma periferia exaurida e marginalmente incluída na “aldeia global”.
Um dos principais fatores que determinam a qualidade de vida de uma população é seu quadro de saúde e, certamente nesse aspecto a população amazônica ainda tem muito que avançar na perspectiva da integralidade, universalidade, equidade e descentralização de políticas, serviços, pessoal e, sobretudo gestão do sistema público de saúde, conforme preconiza o Sistema Único de Saúde (SUS). Na Amazônia até existe um conjunto de iniciativas, que historicamente têm procurado responder aos problemas da região, entretanto, quando se afirma que são fragmentárias é porque não se constituíram de forma articulada ao longo do tempo nem se desenvolveram a partir de um processo de pactuação com as demandas regionais. Além disso, foram focais e não acompanharam as realidades epidemiológicas, econômicas e sociais em constante transformação, enfrentadas pelas populações da região da Amazônia Legal. O grande desafio que está posto para nós amazônidas é fazer avançar as diretrizes estratégicas para o desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira e, isso passa por compreender um conjunto de objetivos e diretrizes estratégicas, elaboradas a partir de um diagnóstico atualizado da Amazônia contemporânea e de seus desafios, e visa a orientar para um novo modelo de desenvolvimento, no qual as soluções econômicas sejam ambientalmente sustentáveis, considerando as diretrizes estratégicas do PAS (Plano Amazônia Sustentável): Ordenamento Territorial e Gestão Ambiental;Produção Sustentável com Inovação e Competitividade; Infra-Estrutura para o Desenvolvimento; Inclusão Social e Cidadania. Diversos temas, mesmo que polêmicos, precisam ser enfrentados, debatidos e possam a vir fazer parte do planejamento de desenvolvimento sustentável na Amazônia Brasileira, tais como: desmatamento e fogo zero; um programa de replantio e reflorestamento, principalmente de espécies nativas; recuperação de áreas já degradadas ou em processo de degradação; a discussão, mais do que urgente, sobre pagamento pelos serviços ambientais e repartição entre os beneficiários; o sequestro de carbono e os projetos que envolvam a floresta amazônica na política de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), além do ICMS Ecológico como subsídio para a melhoria da qualidade ambiental dos municípios.
A RIO+20 será o momento para rever a RIO-92 que depois das reuniões de Nova Iorque (Rio+5) Joanesburgo (RIO+10) que se sucederam poucos avanços foram alcançados em relação às recomendações daquela Conferência(RIO-92) dado os conflitos de interesses (nações). Agora, a nova versão busca preparar a transição à Economia Verde de baixo carbono e eficiência de recursos, onde a ONU, por meio do PNUMA, destaca o papel que os governos terão que assumir com políticas públicas para estimularem investimentos em setores julgados fundamentais nessa transição, entre eles: a agricultura, construção civil, abastecimento de energia, pesca, silvicultura, turismo, transporte, manejo de resíduos e água.A economia verde, segundo a ONU, vai além do entendimento de economia de baixo carbono, pois ela terá a função degerar,também,renda a partir de atividades de baixos impactos ambientais com o olhar para as desigualdades sociais que é um fator limitante da melhoria de bem-estar, notadamente dos mais pobres.Por isso, o diferencial da RIO+20 é a busca da inclusão, seja de países mais pobres, populações carentes e regiões com crescimento retardado.
O NIAPAM como organização que tem como finalidade, entre outras, a defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável desdobrado na linha de pensamento da responsabilidade socioambiental sem perder de vista os mecanismos de alavancagem do desenvolvimento a partir de uma economia solidária e com benefícios inclusivos às regiões partícipes
A visão do NIAPAM, enquanto ator desse processo é de que a Amazônia tem um importante papel a desempenhar na transição para uma economia verde de baixo carbono. Primeiro, como agente limpante da atmosfera no âmbito de seu território por meio da floresta;segundo, porque tem um capital natural capaz de gerar uma economia sustentável. A Amazônia é por excelência um lócus verde e por isso pode ser considerada a maior base do Brasil para construção da transição para uma economia verde a partir da sua biodiversidade. Porém, a potencialização de seu capital natural vai requerer uma base de pesquisa avançada para aumentarmos o conhecimento das espécies, tanto animal como vegetalvis-à-vis as diversas aplicações, seja na farmacologia (saúde humana), indústria de cosmético ou por outro ramo da economia (agricultura, pecuária, geração de energia renovável e indústria em geral). Para isso é necessário serem criados mecanismos para alocação de recursos públicos em montante capaz de diminuir a defasagem existente de aporte de recursos,entre a Amazônia e as demais regiões do Brasil, canalizados para pesquisa. Esse esforço poderá ser compartilhado com a iniciativa privada nas áreas mais estratégicas para potencializar o capital natural da Amazônia. Igualmente, devem ser criados programas de formação do capital humano para esse fim (técnicos, mestres e doutores). Por outro lado, é importante, ressaltar, que no caso das fontes externas devem ser criadas salvaguardas para defesa dos interesses nacionais, pois muitas das vezes o conhecimento e parte do material pesquisado é apropriação pelo capital externo, seja na forma de pirataria e/ou de royalties. Historicamente, a Amazônia sempre viveu com esse drama desde a época das drogas do sertão (século XVIII).
Especificamente quanto às diversas linhas da economia verde que a Amazônia pode contribuir destacamos:
a)      Fomento do trinômio agricultura-pecuária-floresta, inclusive o reflorestamento e os sistemas agroflorestais;
b)      Incentivo à pecuária intensiva com pasto rotacionado;
c)      Geração de tecnologias alternativas ao uso do fogo nas atividades rurais;
d)      Adoção das práticas de plantio direto, uso de defensivos naturais (biológicos)e manejo integrado de pragas;
e)      Manejo adequado do solo com práticas de conservação, uso de adubação verde e compostagem;
f)       Incentivo à aquicultura e outros;
g)      Fomento de plantas oleaginosaspara dar suporte à produção de biocombustíveis;
h)      Fomento do biogás e o biofertilizante.
i)       Fomento às plantas medicinais, sejapara o sistema público de saúde, seja como fonte de trabalho erenda as comunidades locais.
Observamos que todas essas linhas devem ser desenvolvidas nas áreas já alteradas/degradadas como alternativa para reabilitá-las e evitar a pressão sobre a floresta (desmatamento). Esse conjunto (letras a,b,c,d,e,f,g,h, i) fazem parte do chamado capital cultivado usado quando o capital natural corre risco em sua sustentabilidade resultante da pressão da demanda (acima da sua capacidade de suporte) do setor de manufatura. Desse grupo de linhas propulsoras da economia verde, destacamos as linhas g, h e i, tendo em conta o potencial da Amazônia para o fomento de plantas oleaginosas, a produção de biogás e de biofertilizantes, a produção de plantas medicinais. No caso das oleaginosas, a Amazônia possui áreas específicas com condições agroclimáticas bem definidas para a produção de biocombustíveis a partir, principalmente, do dendê. Esta cultura não encontra competidor entre as plantas oleaginosas, tanto em produção de óleo por hectare como sob o ponto de vista ambiental. Seria uma alternativa para diminuir a pressão sobre a soja no que tange ao suprimento de óleo para o biodiesel, além de minimizar o problema do conflito que a soja enfrenta em relação ao suprimento para produção de alimentos.No caso do biogás e biofertilizante o fomento da produção destes dois produtos minimizaria em muito os problemas da emissão de gases, principalmente o metano, derivados da fermentação entérica gerados pelo plantel de bovinos da Amazônia.É uma questão apenas de uma tomada de decisão, apoio técnico e financeiro ao criador.  No caso das plantas medicinais além de reduzir o desmatamento, seqüestrar carbono, recuperar áreas degradadas, permite, sobretudo a inclusão social, econômica e ambiental de populações economicamente fragilizadas.
      Na outra ponta, ou seja, a partir do chamado capital natural temos:
j)       A exploração florestal sob manejo sustentável é uma forma de aproveitamento racional dos recursos florestais, tanto os madeireiros como os não madeireiros, e, portanto, contribuição a mais para a economia verde. Essa maneira de explorar os recursos florestaispode conservar o capital naturalda Amazôniaao longo do tempo. Porém, os resultados dessa atividade, igualmente, vão depender: primeiramente, da remoção dos obstáculos que vêm travando as outorgas de exploração florestal com base na Leinº11.284, de 02.03.2006, pois até o momento poucos avanços aconteceram. Por outro lado, é preciso maior presença do Estado (poder público) nas áreas de floresta para evitar o avanço da grilagem de terrasum dos motores da exploração florestal ilegal e invasões de outra natureza nas áreas dos projetos amparados pela citada Lei. Logicamente que essa presença não deve ser tão somente em razão de denúncias dos delitos cometidos por grileiros, mas que se implantem, também, postos avançados estratégicos com pessoal treinado para esse fim no interior das áreas sob risco de grilagem.O mesmo se aplica à exploração dos não madeireiros que já contam com base associativa mais organizada, porém com pouca assistência em gestão de negócios. Nesse sentido, um passo importante seria o fomento de treinamento aos extrativistas na área de mercado e a implantação de uma Bolsa de Negóciosde produtos extrativistas sob a tutela do Estado e participação das representações das partes envolvidas nos negócios (extrativistas e capital manufaturado).
k)      Outra atividade seria a exploração sustentáveldos recursos pesqueiros por meio do manejo dos lagos como prática conservacionista com extensão à  pesca artesanal nas águas dos grandes rios e no estuário do Amazonas.

Embora a RIO+20 seja uma oportunidade para as Nações, Governos, ONG e Sociedade Civil, em geral,participarem com suas contribuições para construção de uma sociedade mais justa focada na sustentabilidade do Planeta Terra, é preciso estar atento aos discursos que muitas vezes não passam de boas intenções.É importante lembrar, nesse sentido, que o CAPITAL continua se apropriando do VERDE, em geral, a partir das peças de marketing para firmar sua imagem de bom moço sem olhar para a inclusão social, ou melhor, para a geração de benefícios sociais, principalmente às gerações futuras. Igualmente, é preciso notar que na RIO+20 os discursos sobre a Amazônia não devem ficar somente sobre o desmatamento e seus efeitos para atmosfera, puro e simples, é preciso que as conexões e os amigos da Amazônia discutam, também, a invenção de novo modelo de desenvolvimento sem exclusão dos anseios da sociedade amazônica, hoje, com 23 milhões de habitantes.

Dito isso, é importante ficar claro que a Amazônia deve sertambém partícipe do processo com direito aos dividendos da sustentabilidade tão desejada pela humanidade e não, simplesmente, uma guardiã de recursos naturais sem direito aos benefícios geradosque poderão aparelhar os serviços de educação, saúde, transporte, segurança e gerar emprego e renda. A Amazônia pensa no VERDE, porém quer, também, qualidade de bem-estar para os seus habitantes. Nesse ponto, cabe aqui, ressaltar,a luta do Prof. Samuel Benchiomol que sempre defendeu o pagamento dos serviços ambientais pela humanidade para ter a preservação da Amazônia. Se a comunidade internacional se arvora em dizer que a Amazônia é um bem da “humanidade”, que pague pelos seus serviços ambientais. Só que nas discussões sobre clima (COP e/ou Convenções) as agendas não abrem espaço para esse tema. O REDD que a princípio parece aderente ao assunto não passa de um mecanismo para compensar os países detentores de florestas que evitem o desmatamento e adegradação e para isso podem receber remuneração por meio de doações pelas emissões evitadas de carbono ou gerar créditos de carbono negociados em mercado. A questão é: primeiro, o REDD na prática parece ser mais direcionado para os casos de perda de estoques de carbono (desmatamento); segundo, permite que países aloquem recursos em outros países em projetos que evitem o desmatamento ou emissões de gases como forma de compensação da suas poluições, mas em contrapartida abre espaço para continuar poluindo. É um disfarce do mecanismo do poluidor pagador, ou seja, compenso minhas poluições, mas posso continuar poluindo (prêmio ao poluidor). Os serviços ambientais gerados pela preservação da Amazônia vão além disso. Um caso à parte de não compensação pelos serviços ambientais prestados pelos recursos hídricos éa implantação de grandes projetos hidroelétricos como écaso de Belo Monte, que trará mais custos do que benefícios à Amazônia.

Fechando a pauta de questões do NIAPAM é preciso que a economia verde vá além dos recursos naturais renováveis, ou seja, incorpore igualmente os megaprojetos de mineração que causam grandes impactos ambientais e deixam poucos benefícios à Região. A simples extração do mineral seguida da exportação da matéria-prima bruta pouco traz de benefícios à Amazônia detentora da mina e muito ao Capital. Neste caso a Lei Kandir é uma aberração, assim como a não taxação da energia na origem. Na Amazônia ainda temos na memória o exemplo da ICOMI com a extração de manganês no ex-território Federal do Amapá que só deixo pobreza e crateras. Mais recentemente somos produtores de energia gerada por grandes barragens com destruição de nossa mega-diversidade e ocupação de áreas tradicionais de povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas obrigados à favelização em cidades como Altamira, entre outras da região. Cenário já delineado para o litoral do Pará que abriga densos manguezais que propiciam a existência do maior banco pesqueiro da litoral brasileiro que mesmo sendo área de reserva extrativista esta sendo comprado pela Vale para a construção do Terminal Marítimo  “Off-Shore” do Espadarte localizado dentro da Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande, no município de Curuçáque, com a ferrovia, a rodovia e as instalações portuárias causarão impactos ambientais incalculáveis sobre toda a biota, incluindo ribeirinhos e pescadores diante da possível redução dos estoques do caranguejo (Ucides cordatus)e da pescada amarela (Cynoscion acoupa), entre outros.

A FASE E A RIO+20


Rio +20: Resistir ao ambientalismo de mercado e fortalecer os direitos e a justiça socioambiental

Este texto foi produzido pela FASE, com as contribuições de:
 Jean Pierre Leroy, Fátima Mello, Julianna Malerba, Maureen
 Santos, Melisanda Trentin, Letícia Tura e Jorge Eduardo Durão.

O Potencial da Rio + 20

O Rio de Janeiro sediará em junho de 2012 um evento que poderá simbolizar o encerramento de um ciclo e o início de outro. Por ocasião da Rio + 20, espera-se que seja feito um balanço abrangente do ciclo de conferências das Nações Unidas dos anos 90, iniciado com a Rio 92 e que incluiu conferências sobre população, direitos humanos, mulheres, desenvolvimento social e a agenda urbana. Também em 2012, o Protocolo de Kyoto terá chegado ao seu limite de vigência.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável/Rio+20 se propõe a debater três questões: avaliação do cumprimento dos compromissos acordados na Rio 92, economia verde e arquitetura institucional para o desenvolvimento sustentável.A Rio + 20, portanto, tem o potencial de ser um momento ao mesmo tempo de balanço das conquistas e derrotas das últimas duas décadas e também de identificação de uma nova pauta de lutas à frente.

O Contexto da Rio + 20: fragilidade do sistema da ONU num cenário de múltiplas crises

 Os seres humanos e o planeta estão vivenciando múltiplas crises que põem em questão o futuro da humanidade. Nem as Nações Unidas, nem os governos, aprisionados ao passado, estão agindo em consonância com a gravidade do processo de deterioração acelerada em curso. As organizações da sociedade civil global, que vêm se reunindo de forma autônoma em espaços como o Fórum Social Mundial e nos processos e lutas permanentes que ligam o local e o global, em eventos paralelos às conferências das Nações Unidas, às reuniões do G20 e das instituições financeiras multilaterais, e que se reunirão no Rio de Janeiro durante a Conferência da Rio+20, estão desafiadas a revigorar e a continuar a luta por outro mundo e pressionar os governos e as instituições do sistema internacional a atuarem de forma efetiva. A constituição desse movimento global se intensificou a partir do Fórum Global, em particular do Fórum Internacional das ONGs, realizado paralelamente à Rio 92, e, em 2012, a avaliação do estado das lutas e conquistas globais também estará em pauta.
A Conferência realizada em Johanesburgo pelo aniversário de dez anos da Rio 92, as COPs, a insignificância do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, e a impotência da ONU em fazer face às catástrofes humanitárias mostram a incapacidade do atual sistema internacional para enfrentar os desafios que o futuro impõe e para fazer cumprir os acordos do ciclo de conferências desde a Rio 92.

As Conferências das Partes (COPs) encarregadas de implementar as decisões das Convenções da Biodiversidade, da Desertificação e das Mudanças Climáticas demonstram essa afirmação. A biodiversidade é associada historicamente aos povos indígenas, às populações tradicionais e ao campesinato, mas apesar de um reconhecimento em tese do seu papel, eles estão sendo sistematicamente espoliados dos seus direitos, chegando mesmo a serem expulsos dos seus territórios. Cada vez mais, o enfrentamento da desertificação está aquém dos desafios que o tema apresenta, o mesmo ocorrendo em relação às migrações forçadas. E a crise climática, por sua vez, está sendo apropriada pelo mercado para gerar lucros. O balanço dos compromissos assumidos nas conferências de direitos humanos, mulheres, desenvolvimento social e Habitat também não deixam dúvidas sobre a distância entre declarações de compromissos e realidade.

Do desenvolvimento sustentável à economia verde: a reciclagem de um modelo insustentável

Numa contradição insanável, a Conferência da Rio 92, ao mesmo tempo em que reconhecia a grave crise ambiental do planeta – em particular no que diz respeito à biodiversidade e ao clima – e a responsabilidade dos países industrializados, afirmava a primazia da economia como motor do desenvolvimento, batizado então de “sustentável“. De maneira sub-reptícia, os governos presentes e a própria ONU reconheciam o poder da economia capitalista acima da política, ou melhor, como condutor da política. Consagraram o “desenvolvimento sustentável”, termo rapidamente apropriado pela economia dominante e assim esvaziado do seu potencial reformador.
Em substituição ao esvaziado termo desenvolvimento sustentável, a agenda da Rio + 20 busca apresentar a “economia verde” como uma nova fase da economia capitalista. Através do mercado verde, um novo ambientalismo, fundado no business verde, propõe a associação entre novas tecnologias, soluções pelo mercado e apropriação privada do bem comum como solução para a crise planetária. Esta reciclagem das clássicas formas de funcionamento do capitalismo, de seus modos de acumulação e expropriação, constitui-se em um estelionato grave de conseqüências profundas. Dá um novo fôlego a um modelo inviável e oferece como utopia somente a tecnologia e a privatização. Impede tomar consciência da crise que enfrentamos e dos verdadeiros impasses que está vivendo a humanidade. Portanto, impede que novas utopias sejam formuladas e alternativas civilizacionais construídas.
Devemos questionar o que o desenvolvimento sustentável e a economia verde têm a contribuir para a proteção e a garantia dos direitos humanos. O mercado deixa a sua defesa aos governos e à ONU, que mantém a retórica dos direitos humanos, incluindo no seu campo o direito à água; mas, sem meios nem vontade política para implementálos. Voltam-se cada vez mais para intervenções humanitárias, que tendem a substituir a promoção dos direitos. Tendo poder apenas normativo, os compromissos acordados na esfera da ONU ficam soterrados pelo poder de sanção e retaliações de instituições como OMC, FMI e Banco Mundial. Diante da incapacidade da ONU, de um lado, e do poder das instituições multilaterais que servem aos interesses das corporações, do outro, o resultado é que governos e políticas públicas e democráticas perdem cada vez mais espaço para acordos e políticas que entregam nosso futuro à iniciativa privada e, na sua mais nova versão, à economia verde.
O mundo está subordinado à força hegemônica do capital. Este não tem outra visão de futuro do que a promessa de um desenvolvimento ilusório, porque predador do meio ambiente, violador dos direitos humanos e excludente de países e populações. A ideologia do desenvolvimento, entendido como crescimento econômico que alimenta a expansão de padrões insustentáveis de produção e consumo, penetrou profundamente no imaginário e na cultura de todas as classes sociais, no Norte e no Sul, orientando inclusive a ação de governos eleitos em países do Sul com o mandato de desencadearem transformações, mas que, no entanto, não conseguem construir uma nova correlação de forças capaz de alavancar mudanças e também não conseguem acumular reflexão e força política na direção de novos paradigmas.
Os Estados dominantes, ao longo de dois séculos, e com mais intensidade, nas últimas décadas, promoveram a globalização da economia. As guerras coloniais, a ocupação de territórios e a escravidão foram substituídas hoje por acordos bilaterais e instâncias multilaterais que cumprem o mesmo papel de submeter e subordinar os paises do Sul ao seu poder. Assim, impuseram ao mundo um modelo, técnico e econômico, de produção e de consumo sustentado pela exploração do trabalho, a sobre-exploração dos recursos da natureza e a exploração de outros países.
Se a exploração humana e de países pode se perpetuar apesar dos gravíssimos conflitos resultando na exclusão, a exploração da natureza mostra seus limites e começa a afetar a reprodução do capital, direta e indiretamente, quando doenças, diminuição da qualidade de vida e catástrofes começam a levantar suspeitas e minar a base de sustentação do modelo.
A crise que emergiu em 2008, inicialmente no sistema financeiro, não deixa dúvidas quanto ao caráter profundo de suas raízes, que revela a quebra de legitimidade e de sustentação econômica, social, ambiental e política de reprodução do modelo vigente. A crise em curso deixa clara a perda de hegemonia do concerto do poder que se perpetua desde o fim da Segunda Guerra e das instituições internacionais que lhe dão sustentação econômica e política. A crise abre, portanto, brechas de disputa pela democratização do sistema internacional. As novas e instáveis coalizões entre países, não mais cristalizadas em divisões Norte-Sul, são sintomas de um cenário político global em movimento. A Rio + 20 pode ser um importante momento de alavancagem de uma nova correlação de forças e de uma nova agenda global, oferecendo aos movimentos sociais, organizações populares, movimentos de povos tradicionais e originários, sindicatos, entidades da sociedade civil que refletem ou buscam expressar os anseios de amplos setores da população mundial, a oportunidade de renovar seu protesto e seu questionamento sobre aos rumos dados ao futuro do mundo pelas corporações, instituições e países dominantes, acompanhados pela grande maioria das elites políticas e econômicas, desenhar suas utopias e formular com maior consistência as alternativas que vislumbram.

A Rio + 20 e a construção de alternativas

A Rio+20, como evento mundial, nos permite sair das nossas fronteiras; nos abrir à solidariedade universal, para além dos particularismos; buscar pontos comuns de observação, que nos desloquem e façam com que nos encontremos, de muitos lugares do mundo. Mas isso com a condição de que nossa referência esteja nos povos e populações marginalizados e excluídos, com as quais compartilhamos os anseios por uma sociedade cujo pilar de sustentação sejam os direitos e a justiça social e ambiental.
Não temos todas as respostas, mas temos a responsabilidade de buscá-las, entre o desejável e o possível. Mas mesmo o possível não se realizará sem que seja portador de utopias que reatem os laços entre ser humano e natureza, no campo e na cidade. Ele exige, portanto, uma mudança completa dos paradigmas que definem a civilização ocidental. Querer outras formas de organização das sociedades do que os Estados-Nações, outras formas de democracia do que a democracia parlamentar, outras economias do que a economia capitalista, outra mundialização do que a do mercado, outras culturas do que a imposta pelos EUA. Escutá-los com atenção talvez nos ajude a encontrar os rumos do futuro e formular novas utopias que motivem a humanidade, em particular a juventude.
Desenvolvem-se através do planeta centenas de milhares de alternativas que podem ser as sementes da construção de novas utopias:
-Milhões de camponeses, de sem-terra, de povos indígenas e outros grupos tradicionais resistem e lutam pela Reforma Agrária, pela agroecologia, pelo definitivo domínio de suas terras ancestrais. Apoiados por tecnologias apropriadas, eles podem garantir a soberania e segurança alimentar e nutricional do planeta e dar uma contribuição decisiva na manutenção da biodiversidade, das águas e na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Eles apontam uma alternativa ao modelo de agricultura e pecuária dominante, que provoca a destruição dos ecossistemas e da biodiversidade, que contribuem fortemente para o efeito-estufa e o envenenamento das águas, dos solos e das pessoas.
-Experiências de economia solidária e de fortalecimento de mercados locais contribuem para a redução do consumo de energia, encurtando os circuitos entre produção, distribuição e consumo, favorecendo as micro, pequenas e médias empresas, que fornecem empregos, em contraposição à circulação das mercadorias através do mundo e deslocalização permanente das empresas e avanços tecnológicos, que não reduzem o consumo de energia e de matérias primas e produzem desemprego.
-A lógica da economia não deve ser a do lucro, mas a de assegurar condições de vida digna para as populações. Fortalece-se uma economia solidária que combate a economia dominante excludente das pessoas. Nas cidades, nas roças e nas florestas do sul do mundo, grande parte dos trabalhadores e das trabalhadoras se encontram na economia informal, esquecidos pela macroeconomia, e inventam uma microeconomia em parte sucedânea e concorrente da economia formal, em parte inovadora.
-Reconstituição de um tecido urbano descentralizado e interiorizado, novas políticas habitacionais e urbanísticas, de saneamento e de transporte coletivo. Estas propostas visam enfrentar o desequilíbrio dentro das cidades e metrópoles, que viraram plataformas de exportação cercadas por enormes aglomerações de pobreza e miséria, que somadas ao desequilíbrio na ocupação humana dos espaços nacionais e regionais, fazem dessas cidades, e dentro delas, das camadas populares, as primeiras vítimas das mudanças climáticas.

A construção de alternativas e a arquitetura institucional

A escala global dos poderes impede o avanço da emancipação humana nos termos da idealidade inscrita nos pactos e convenções internacionais. Portanto, avançar nessas alternativas e em outras supõe disputar e questionar os paradigmas das instituições e atores internacionais que dão suporte ao atual modelo. Isso não quer dizer que acreditamos numa mudança brusca e radical na economia mundial. Deve-se pensar necessariamente em convivência, em transição no médio e longo prazos. Essa transição se fará menos pela reforma interna das instâncias atuais de intervenção na economia, que pretenderia reorientar suas estratégias, seus métodos e suas prioridades, e mais pela construção de novos espaços, de instituições novas que não sejam viciadas pelo seu passado, mas abertas para uma nova correlação de forças e novas agendas. As instâncias atuais continuarão a ser questionadas a agir e até a se reformarem, mas há que se esperar que elas percam progressivamente a sua importância, quando e porque ao seu lado será criado algo radicalmente novo que crescerá econômica e politicamente como contrapeso.
Para que tal ocorra é preciso olharmos para o processo rumo à Rio+20 como uma oportunidade para investirmos no acúmulo de forças, na base da sociedade, que seja capaz de disputar uma nova hegemonia. Após o ciclo de ascensão dos movimentos contra-hegemônicos iniciado em Seattle e ampliado com o Fórum Social Mundial, e o relativo descenso que as mobilizações de massa experimentaram nos últimos anos, a Rio+20 se coloca como possibilidade de rearticulação e alavancagem de uma iniciativa política no plano global.
É esta visão que orienta e delimita nossa vontade de participação no processo que nos levará a Rio+20. Baseados nela, nos unimos ao apelo da convocatória do grupo facilitador brasileiro criado por um conjunto de coletivos resumido nesta frase: "Cabe a sociedade civil organizada chamar a atenção mundial sobre a gravidade do impasse vivido pela humanidade, e sobre a impossibilidade do sistema econômico, político e cultural dominante apontar e conduzir saídas para a crise. Mas é também da sua responsabilidade afirmar e mostrar outros caminhos possíveis”.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

SEMINÁRIO RIO+20 EM BELÉM

AMAZÔNIA DARÁ CONTRIBUIÇÕES À RIO + 20

Seminário no dia 27/9 em Belém receberá sugestões da sociedade civil para a agenda da economia verde
Será realizado no dia 27 de setembro em Belém (PA) o Seminário Regional sobre Economia Verde da Amazônia: Amazônia Rumo à Rio + 20. O evento faz parte dos Diálogos Nacionais sobre Economia Verde que estão sendo realizados em todo o país pela organização Vitae Civilis.  O seminário em Belém deverá discutir temas como   inclusão social, educação, regularização fundiária e áreas protegidas, economia da floresta, grandes obras e o papel do Estado e da sociedade civil.
De acordo com o coordenador da Vitae Civilis, Aron Belinky, a intenção é garantir ampla representatividade da academia, organizações socioambientais, movimentos sociais, organizações indígenas e quilombolas, movimento sindical, empresas privadas e suas organizações associativas e organizações públicas.
O objetivo do seminário é elaborar um documento que apresente a Agenda da Amazônia sobre Economia Verde. A agenda deverá incluir propostas concretas para ampliação da economia verde na região, indicando o que deve ser feito, quem deve fazer, quais os resultados esperados, os segmentos da sociedade envolvidos, os prazos e recursos necessários.
O documento final do seminário em Belém será somado aos demais encaminhamentos regionais. As sugestões irão compor a base para a contribuição da sociedade civil à posição brasileira sobre os temas da Rio+20. O documento final será entregue no início de novembro às Nações Unidas, que organizarão as propostas de todos os países para discussão durante a conferência e em seu processo preparatório.
Além dos seminários regionais, outras formas de reflexão, como a consulta a especialistas e as contribuições encaminhadas via web também ajudarão a compor a agenda brasileira sobre economia verde. Além de ser oferecida como insumo para a posição oficial do Brasil, essa agenda também será compartilhada nacional e internacionalmente por meio da Green Economy Coalition e de outros parceiros.
Colaboram na organização do evento em Belém o Fórum Amazônia Sustentável, o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e o Instituto Peabiru.